terça-feira, 5 de julho de 2011

CAPA DA EDIÇÃO DE JULHO



JORNAL FOLCLORE

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N.º 185 (JULHO)


TÍTULOS DA EDIÇÃO


EDITORIAL

FÁTIMA

O que faz milhares de folclorista trajados a rigor se associarem à Peregrinação Nacional do movimento folclórico a Fátima, que anualmente a Federação promove? Devoção ou Fé? O acto de participar ou o facto de estar em Fátima? Todos defendem um certo “sentimento de bem-estar”. Também a Fé, que “carrega esperança”. Esperança em algo que se deseja, implorando graças. Depois, a religiosidade, o respeito pela santidade, pelo divino, pelo sagrado. Rezar em Fátima nunca será o mesmo que orar na capela ou na Igreja da aldeia ou da vila. Fazê-lo no Santuário, no altar das aparições, enche a alma e reconforta o espírito. E parece tornar-se estimulante. A realidade peregrina ao espaço sagrado é incontestada. E não só pelo impulso de uma religiosidade popular, mas de toda a sociedade.

O “sentir bem” – como quase sempre ouvimos dizer, e vulgarmente é assim definida a presença no Santuário – esconde muitas vezes outras razões que a própria razão desconhece.

No dia 29 de Maio a força do folclore nacional voltou a integrar a peregrinação, representando-se com cerca de quatro mil figurantes trajados a rigor. Não foram, certamente, para abençoar a causa que participam, mas decerto impelidos pela Fé. E pelo alento que o simples acto desperta e faz sentir.

O director


NOTA EDITORIAL
Descentralização não ajuda à participação

A localização das iniciativas da Federação do Folclore Português é amiudadas vezes criticada pela maioritária realização no Norte do País, distanciando-se das regiões do Sul, de entre o Ribatejo e o Algarve.

Este ano o organismo fez descer, uma vez mais, a já mediática Exposição Nacional de Trajes ao Vivo ao Centro Sul do País, tendo em vista, não só descentralizar o evento, como ajudar a uma maior participação dos grupos da metade sul do País, encurtando as distâncias dos grupos sulistas. A intenção acabou por não ser correspondida, com o número de presenças de representantes do Ribatejo, Alentejo e Algarve a contarem-se pelos dedos de uma só mão. Para os grupos destas regiões, como da Baixa Estremadura, seria um salto a viagem até Porto de Mós, no Ribatejo Norte.

Foi assim também com a Peregrinação Nacional a Fátima; os representantes do Sul não chegaram a uma dezena!

Não valerá a desculpa de uma intensa actividade dos grupos na altura da realização para justificar as ausências. As datas das realizações são ainda de alguma acalmia no calendário de actuações.

Cai assim por terra o pretexto da enorme distância para levar à não participação. Afinal, centenas de quilómetros foram percorridos por muitos grupos do Baixo Minho, do Alto e Baixo Douro e mesmo da Beira Alta, onde sempre está a força da cooperação.

Compreende-se que é no Norte que está em maior número o movimento folclórico do País. Mas a percentagem encontrada é altamente minimizadora relativamente ao Sul. Em Porto de Mós estiveram apenas 2 representações do Alto Alentejo e 2 do Ribatejo; ausência total do Baixo Alentejo, do Algarve e da Estremadura Sul.

Compreensivas são, por razões conhecidas, as ausências das Ilhas. O que é pena.

É certo que a organização limitou as participações por uma questão de logística, especialmente pelo fornecimento de refeições, fixando-as em 600 inscrições. Mas decerto que seriam aceites outras inscrições do Sul, abatendo ao fluxo maior de outras regiões do Norte. Foi isso mesmo que nos fez sentir um dirigente da Federação.

O director

OPINIÃO

Elas não devem ser “eles”

O assunto já foi aqui tratado amiudadas vezes; travestir moças de rapaz. Voltamos à baila porque assistimos recentemente à actuação de determinado grupo que se exibia numa festa de Folclore com duas ou três moçoilas travestidas com trajes masculinos, talvez pela escassez de elementos do sexo oposto na formação. Falta de informação ou de sensibilização sobre as questões do folclore. Decerto que na terra do grupo em causa as moças dançaram entre si. Porque não retratar o preceito no grupo folclórico? O costume sempre foi usual entre as comunidades de todo o País. Era um hábito generalizado, e quase constituía uma praxe nos bailaricos as raparigas abrirem a função dançando entre si; só depois avançavam os rapazes. O grupo que nos traz uma vez mais a esta descomplexada questão, porventura desconhece esta regra tão básica de representar o seu folclore, e vá de travestir as suas bonitas moças, que para se distinguirem do restante conjunto masculino, não abdicaram de carregadas pinturas do rosto.

Usar calças com longos cabelos caídos pelas costas, retratando uma figura masculina dos anos vinte, é afrontar os sãos princípios morais e sociais do povo de então. O grupo de folclore que desenvolve um trabalho sério de representação, deve assim omitir a incorrecção da retratação, afastando o desacerto da representação. Convenhamos que à época, uma eventual transfiguração do sexo, só por arremedo era permitida, muito especialmente em alturas de brincadeiras carnavalescas.

Mulheres a dançarem umas com as outras era hábito usual e corriqueiro nos bailaricos populares. Aos grupos de folclore compete fazer a retratação do costume, fidelizando o acto. O erro continua a passear-se inadvertidamente pelos palcos da exibição folclórica. A mensagem chega aonde chega e nunca se espalha de forma tão intensa como era desejável. São descuidos quer continuam a proliferar entre o movimento folclórico. A sensibilização tarda a chegar e muitas representações, que continuam num barco à deriva, sem encontrarem bom porto. A palavra sabedora de quem mais entende não é ouvida ou não convém ser entendida. Prefere-se a prosápia pela autoria da obra criada, por um idealismo bacoco, maculando de forma ingénua e incauta os valores culturais do povo que nos antecedeu. A realidade que hoje relatamos evidencia um continuado desnorte daquilo que deveria estabelecer-se como regra da representação do folclore. MJB


DESTAQUES

Fátima. Peregrinação Nacional de Grupos Folclóricos a Fátima

Cova da Iria recebeu a etnografia de Portugal

Mais de 4000 trajes, representativos da etnografia do País, estiveram em Fátima, participando na IX Peregrinação Nacional de Grupos Folclóricos. A iniciativa – que celebra o Dia do Folclore em Portugal – é da Federação do Folclore Português e sempre conta com enorme adesão dos grupos seus membros associados. A organização contou ainda com a colaboração da Associação de Folclore de Leiria-Alta Estremadura e de alguns grupos de folclore da região. A RTP levou a cerimónia ao País e ao mundo, na habitual emissão dominical da eucaristia.

Texto e fotos: Manuel João Barbosa

Quase duas centenas de grupos de folclore rumaram ao Santuário de Fátima para participarem na Peregrinação Nacional, promovida pela Federação do Folclore Português. Os promotores folclóricos integraram a celebração ecuménica do dia 29 de Maio, que a RTP transmitiu especialmente através dos canais nacional e Internacional. Cerca de quatro mil trajes da tradição, representativos de boa parte da etnografia do País, ofereceram um ambiente desusado no espaço sagrado, proporcionando uma moldura humana incomum nas celebrações do Santuário.

(Desenvolvimento da edição impressa)

Santarém: O folclore animou a Feira Nacional de Agricultura

O Folclore do Ribatejo e de várias regiões do País animou diariamente o recinto da Feira Nacional de Agricultura, que decorreu em Santarém entre os dias 4 e 12 de Junho. Um Festival Nacional foi um dos principais pontos do programa no dia de abertura. Mas nos restantes dias, grupos da região ribatejana exibiram-se para gáudio dos milhares de visitantes.

Texto e fotos: Manuel João Barbosa

O programa da Feira Nacional de Agricultura privilegiou uma vez mais a vertente típica, retomada há alguns anos a esta parte, depois de um interregno que levou a quase uma ausência do Folclore na Feira. Uma grande parada do folclore nacional está nos objectivos da administração do Centro Nacional de Exposições (CNEMA), promotor da Feira. A proposta terá já sido apresentada à Federação do Folclore Português para que programe para o certame, por exemplo, uma exposição nacional de trajes, que o CNEMA patrocinará.

(Desenvolvimento da edição impressa)


NOTÍCIAS

- Parlamento Europeu disponibilizou em 2007, 400 milhões para a Cultura

- Federação desanimada com fraca adesão dos grupos do Sul às suas iniciativas

- Sociedade de Autores volta à carga para receber taxas pela exibição pública de Folclore

- Grupo Folclórico de Faro festejou aniversário. Centena e meia apagaram 81 velas

- Grupo de Folclore de Ponta do Sol fez uma viagem no tempo para comemorar 30 anos

- Rancho Regional de Gulpilhares comemorou as Bodas de Diamante

- Regional de Moreira da Maia festejou 77 anos

- Vinizaima do Chão, Águeda, reuniu-se à volta das tradições

- Grupo Juvenil de Galegos Santa Maria fez Festival

- Encontro de Tradições em Rio Tinto

- O programa “O Povo a Cantar” organizou festival com sessenta ranchos

- Ceifeiras e Campinos de Azambuja ofereceram interessante Festival de Folclore

- Folclore de Faro vai à Grécia

- Festitradições de Povos do Mundo não se realiza este ano

- Radialista português em Buenos Aires pede discos do nosso folclore

- Câmara do Cartaxo prepara assinatura de protocolos com as associações

- Câmara de Montemor-o-Velho atribui 200 mil euros ao associativismo

- Festival do Rancho do Cartaxo animou as festas da cidade

- Rancho da Região de Leiria ofereceu Festival à sua cidade

- Festival do Rancho da Casa do Minho no Jardim Vasco da Gama em Lisboa

- Porto de Mós; Tarde de Folclore levou muito público à Lagoa Grande

- Festival em Santo Varão reuniu centenas de folcloristas

- A-das-Lebres foi palco da festa do folclore

- Mau tempo fez recolher festa da Escola de Folclore de Erra

- Rostos de gente que tornou singular a Glória do Ribatejo. Rita Pote lançou “Glória – Cem Anos a Preto e Branco”

- José Travaços Santos apresentou um opúsculo de poemas

- Grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela comemorou 77.º aniversário

- Grupo de Santa Marta de Portuzelo comemorou 71 anos

- Rancho de Vila Nova do Coito levou o folclore à cidade e festejou as Bodas de Ouro

- Mau tempo não tirou o brilho ao Festival de Ançã

- Grupo Folclórico de Coimbra fez reviver a Serenata Futrica

- Serão de Tradições em Santana do Mato convidou a um regresso ao passado

- Prepara-se o Congresso Nacional de Folclore na Madeira

- Rede Aldeias do Xisto conta com mais três aldeias


SECÇÕES:
- FESTIVAIS – Os Festivais com realização no mês de JULHO

- TRADIÇÃO / INOVAÇÃO Solidó (parte I), pelo Eng.º Manuel Farias

- PORQUE NÃO TE CALAS?

- CARTAS AO DIRECTOR


A S S I N E
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