domingo, 28 de dezembro de 2008

Edição N.º 155 (Janeiro 2009)
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Edição N.º 155 (Janeiro 2009)

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Editorial
Um novo ciclo?
A Federação do Folclore Português chamou os seus conselheiros técnicos (ver página 8) e exigiu um rigoroso cumprimento dos preceitos que as normas estatutárias impõem dentro do universo folclórico federado. A direcção deixou na mesa “novas regras para definir, estruturar e controlar a representatividade dos grupos de Folclore associados”. Conjectura-se assim uma reorganização do movimento folclórico inserido no seio da Federação.
Se a cruz chegará ao calvário, é a interrogação de todos, a começar pelos próprios dirigentes da instituição. Será, contudo, esse o desejo colectivo. Mas prevê-se que muita água vai correr por algumas montanhas abaixo. A tormenta vai ser grande, com muitos abrolhos pelos caminhos que levam a algumas perturbações etnográficas ou folclóricas que estão no regaço da Federação.
Vozes têm pregado num absoluto deserto contra vícios e um perfeito desregramento das normas estabelecidas pela própria associação-mãe – a Federação. Uma animadora firmeza dos responsáveis dirigentes pelo cumprimento rigoroso das medidas que impõem um respeitado desempenho da representação tradicional por parte dos grupos que ostentam a carimbo da instituição, entusiasma quantos se opõem a um desvario da actividade folclórica que carrega o peso da responsabilidade de retratar com decoro os valores culturais tradicionais.
É tempo de disciplinar o movimento federado, para que possa apresentar-se como referência e exemplo para as demais formações etnográficas, contribuindo assim para credibilizar a actividade folclórica, tornando-a respeitada e considerada.
O director

Nota Editorial
O serviço público

O Governo tem vindo desde há três anos a reduzir o apoio ao porte dos jornais que são expedidos para os assinantes através do correio. O objectivo passa por acabar de vez com esse apoio.
As tabelas de preços das assinaturas são, na esmagadora maioria dos casos, inferiores aos custos de produção – composição e impressão – a que acresce outros encargos naturais – aquisição de equipamentos, telefone, Internet, viaturas e combustíveis, vencimentos e encargos sociais, etc.
O Jornal Folclore tem sobrevivido graças à carolice de quantos o fazem, libertando-se de encargos salariais ou recompensas remuneratórias aos seus redactores, que têm continuadamente a desenvolver o seu trabalho de forma completamente gratuita, como o prova a ausência da rubrica de vencimentos no respectivo movimento contabilístico da sua Corporativa Editora.
O fim da ajuda Estatal ao porte dos correios sobrecarregará o valor da comparticipação dos assinantes, tornando incomportável a venda via postal.
O Governo está irredutível na drástica medida, que vai obrigar muitos jornais a fechar a porta. Requiem para grande parte da imprensa regional. A ajuda, que foi inicialmente fixada em 80% sobre o custo do porte, tem vindo a baixar 10% cada ano, por deliberação do actual Governo. Em 2009 a comparticipação do Estado já só será de 30%.
Um manifesto serviço público que a comunicação social presta ao País – muito especialmente a imprensa regional, porta-voz dos anseios das populações e mensageiro para os ausentes das suas terras – não é reconhecido pelos actuais governantes. O problema económico é tão só político. Não será certamente uma migalha do orçamento do Estado que afectará as finanças públicas, considerando que em áreas de somenos, o respectivo orçamento aparece acrescido de milhões de euros. O Orçamento de Estado para 2009 contempla as empresas de comunicação social do Estado – a RTP, a RDP e a Lusa – com mais 161 milhões de euros em relação a 2008, recebendo na totalidade as três empresas, como compensação pela prestação do serviço público, mais de mil milhões de euros. Mais cem milhões de euros reforçaram no final ano findo o orçamento do Exército, só para acudir aos vencimentos dos militares e reformas milionárias respeitantes aos últimos três meses do ano que termina. A reforma dos políticos custará ao erário público qualquer coisa como oito milhões e meio de euros, e em estudos, projectos e pareceres encomendados a gabinetes de advogados, de engenharia e consultores privados, o Governo já orçamentou 168 milhões de euros para o corrente ano. A lista alarga-se a ministério de Manuel Pinho, que pagou ao fotógrafo Nick Knight 300 mil euros por ter fotografado oito portugueses ilustres e um milhão de euros a Steven Klein pelo seu talento em seis imagens para a próxima campanha de promoção de Portugal, a lançar em 2009, somando já 18,5 milhões de euros a verba dispendida na campanha. E fala-se na compra de submarinos, entre outros pequenos luxos governamentais: o gabinete do primeiro ministro pagou 7 mil euros por garrafas de um caro vinho tinto duma Quinta nortenha da colheita de 2006, ainda não comercializado, enquanto a secretaria-geral do Ministério da Justiça gastou em decoração 22.265 euros na compra de 8 carpetes e o Estado-Maior General das Forças Armadas pagou 7.300 euros pelo transporte de mobiliário e objectos pessoais de um coronel do Exército, para Itália. A lista é extensa.
Poupança à parte, privilégios para as mordomias de governantes e assemelhados. O cinto aperta-se no entanto, para áreas de interesse público.
O Director

Destaques

Ajustar estratégias para credibilização folclore federado
Direcção da Federação reúne com núcleos técnicos de todo o País

A direcção da Federação do Folclore Português reuniu no dia 1 de Dezembro, em Arzila (Coimbra) com os coordenadores dos Núcleos Técnicos Regionais. Reflectir sobre os objectivos delineados num programa cheio de novas ideias com vista a disciplinar o movimento folclórico federado, foi um dos propósitos da reunião. Defender o património da adulteração; conquistar o reconhecimento das entidades e apresentar resultados de sucesso para os grupos filiados, são objectivos esboçados à espera de uma redacção que os torne regra de lei, e que irão acompanhar um trabalho que se quer sereno mas inflexível. As estratégias afinam-se para pôr ordem na casa.

Manuel João Barbosa
Como que uma declaração de combate ao mau trabalho que é oferecido por uma parte dos grupos federados, que se desviam dos preceitos estatutários relativamente a uma adequada representação dos valores culturais e tradicionais das respectivas regiões etnográficas, a direcção da Federação do Folclore Português, apresentou no dia 1 de Dezembro um esboço de novos princípios estratégicos com vista a responsabilizar os grupos filiados por uma deficiente representatividade. (…)
(Desenvolvimento na edição papel)

Fernando Ferreira, presidente da FFP: “Será bom que tudo façamos agora para que um dia não sejamos acusados pelas gerações vindouras de não termos sabido acautelar uma herança que nos foi legada pelos nossos antepassados”

Entrevista: Manuel João Barbosa

Num sério apelo à reflexão, o presidente da Federação do Folclore Português, Fernando Ferreira da Silva, lança o desafio: “A casa terá de ser arrumada quanto antes”. Exigir o rigoroso cumprimento das regras de avaliação da representatividade dos grupos filiados, foi o objectivo da reunião que decorreu no dia 5 de Dezembro em Arzila, Coimbra, com os conselheiros técnicos de todo o País. Os conselheiros preparam-se para arrumar a casa, impondo as normas estatutárias que obrigam a um rígido desempenho da representação. Em causa está o trabalho desajustado de alguns grupos membros efectivos da Federação. (…)
(Desenvolvimento na edição papel)

Há dois anos a aguardar uma solução de cedência de instalações por parte da Câmara Municipal
O Rancho da Região de Leiria, despojado das instalações que ocupava, vê o seu espólio degradar-se em espaços do mercado municipal

Manuel João Barbosa

“Um rancho sem abrigo”, é como José Vaz, presidente do Rancho da Região de Leiria, qualifica a situação que o grupo vive há dois anos, depois que foi despejado das instalações que ocupava, cedidas pela Região de Turismo. O espólio do mais antigo rancho do concelho de Leiria, recolhido ao longo de quase cinquenta anos, degrada-se em caixas e caixotes, armazenados em duas lojas desactivadas do Mercado Municipal à espera de um lugar digno para se preservar e expor. (…)
(Desenvolvimento na edição papel)


Reportagens
- Colóquio em Leiria de apoio ao folclore da Alta Estremadura
- O Jornal Folclore entre os eleitos. Grupos Académico e Infantil de Santarém agraciaram novos Sócios de Mérito

Notícias
- Uma centena de concertinas e cavaquinhos encheram de música tradicional o Teatro da Trindade no Festinatel
- Santarém: Rancho de Alcanhões comemora Bodas de Prata com espectáculo no Teatro Sá da Bandeira
- Celebrações tradicionais do Natal e Cantares de Janeiras – Cantares de Fé Belazaima do Chão; Natal foi comemorado na Cortelha; Etnográfico da Casa do Pessoal dos Hospitais da Universidade de Coimbra ofereceu Cantares do Ciclo Natalício; Encontro de Janeiras em Minde e em Santiago de Bougado (Trofa); Natal de Belazaima na Antena Um; Encontro de Cânticos Natalícios e Religiosos de Retaxo; Cantares de Janeiras em Argoncilhe e em Anta (Espinho).

- Águeda: Ceia Serrana: casa cheia de tradições
- Madeira: “A despicar também a gente se entende” em workshop de formação
- Futura Associação de Folclore do Ribatejo já tem designação admitida
- O Jornal Folclore entre os nomeados. Grupos Académico e Infantil de Santarém elegeram novos Sócios de Mérito
- Águeda: Museu Etnográfico da Região do Vouga em obras de restauro
- Rusgas a S. Martinho de Anta
- Santarém: Centro de Exposições e Federação preparam a presença do folclore e da etnografia na Feira Nacional de Agricultura
- Jornadas etno-folclóricas em Castelo Branco com momentos etnoculturais variados
- Madeira: Etnográfico da Boa Nova “conquistou” Leninegrado, na Rússia
- Águeda: Museu Etnográfico da Região do Vouga em obras de restauro
- Rancho do Cartaxo reúne componentes e amigos em almoço de convívio
- EIRANÇAS promoveu formação na região vareira
- Rancho Folclórico de Godim, Régua, comemorou aniversário
- Jantar de aniversário do Etnográfico da Gafanha da Nazaré
- Rancho Folclórico da Fajarda ocupa antiga escola primária
- Rancho Folclórico de Tavira promove aulas de folclore
- Rancho Tradicional de Cinfães festeja 3.º aniversário
- Rancho Regional de Ílhavo assinala aniversário com jantar de convívio
- Costumes madeirenses em exposição na Brandoa
- Grupo Folclórico da Corredoura ofereceu Ceia de Natal
- Viana do Castelo: “Notas do Folclore Vianês” em Livro
- Workshops intensivos de Concertina em Águeda


SECÇÕES

Inovação / Tradição
- A navalha de Ockham, pelo Eng.º Manuel Farias

Discografia

Cartas ao director
Direito de Resposta

Porque não te calas?

Planos de actividade
Actividades da Federação do Folclore Português para o ano de 2009


NO PRÓXIMO NÚMERO
Viagem às aldeias de xisto
Visitá-las é conhecer um mundo novo, um mundo que foi de asperezas e de agruras. Um mundo que se chama Candal, Talasnal e Casal Novo.

Acompanhe a nossa viagem na reportagem que aqui trazemos na próxima edição.


A S S I N E!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Edição de Dezembro

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Edição N.º 154 (Dezembro 2008)

Editorial

Falsos registos

Editados por grupos folclóricos, estão a aparecer verdadeiros embustes enquanto registos de folclore. Com efeito, muitos trechos são produto de uma desastrosa composição melódica (adivinha-se que também coreográfica), que nunca antes foram temas folclóricos. Como as mal alinhavadas quadras, que logo se descortina serem de inspiração contemporânea. O tocador ajeita a melodia e um dirigente ou o ensaiador apronta uns versos, também eles mal esboçados.
Se o registo em causa aparece como um trabalho de reprodução, tocada e cantada, do folclore da terra ou da região do grupo, concluir-se-á que se está na presença de um mau contributo à preservação do folclore. O registo conta como um documento, e se hoje facilmente se detecta a patranha, daqui a umas décadas os vindouros tomarão como acertado o trabalho discográfico, e certificam-no como produto folclórico, que nunca o foi.
Alguma coisa continua mal nestas coisas da actividade folclórica, quando se regista a asneira como um património cultural que não o é. É assim no folclore dançado como cantado. Parece-nos que alguns “experts” continuam a tomar as rédeas dum movimento que se quer justo e íntegro. Continuam a proliferar os grupos tidos como folclóricos que se propõem preservar o seu folclore, mas que ao invés inventam e registam composições imaginadas. O arquivo que fica, e que um dia é tido como documento de estudo e de investigação da cultura popular, acaba por ser uma enorme mentira. Os vindouros, ao invés de encontrarem um testemunho certificado do património tradicional, encontram, antes, um mau trabalho deixado por pérfidos “embaixadores culturais”.
Que haja bom senso. É o apelo que uma vez mais se deixa ao falso movimento folclórico.

O director

Nota Editorial

Estímulo e formação

O INATEL tem promovido desde há alguns anos a dinamização de novos projectos de representação etnográfica entre as associações suas filiadas. Grupos de folclore incluídos. Chamam-lhe ‘Concursos de Etnografia’. Naturalmente que não preferimos esta designação – concurso – mas a denominação é de somenos importância. Mais importante será o objectivo: estímulo à actividade sócio-cultural e à produção de projectos e iniciativas que dignifiquem os valores tradicionais, no respeitante à área do folclore. E isso parece-nos ter sido conseguido. E mesmo valorizado de edição para edição. O que vimos na edição deste ano não deixa margem para dúvidas. O elevado nível dos trabalhos levados à sessão final em Lisboa, foi de modo a deixar-nos animados sobre uma outra perspectiva de representar o folclore – os aspectos culturais e tradicionais, a etnografia. E ao que consta, nas eliminatórias que decorreram nas capitais de distrito de todo o País – continente e regiões autónomas – outros trabalhos mereceriam estar no palco da sessão final.
Aparte os concursos, entendemos que a iniciativa merece o elogio – e o aplauso – pelo desafio à produção de outras formas de recriar o folclore, nos variados aspectos que estão afectos à etnografia – hábitos, costumes, falares. Mas também o aspecto social está subjacente à actividade das associações participantes. Serão muitas semanas de renovado convívio entre os elementos activos, na construção de novos projectos. Isso mesmo nos fizeram sentir alguns responsáveis dirigentes. Para além disso, fica nos componentes participantes uma outra noção de estar no desempenho do grupo folclórico.
O elogio ao trabalho apresentado por quase todas as formações foi unânime nos jurados que avaliaram as representações. Os encómios não faltaram a cada representação e na plateia ouviram-se prolongados aplausos.
Pelas propostas inovadoras de investigação, riqueza de pormenores, criatividade e tentativa de rigor, outras perspectivas se abrem ao movimento folclórico.
A forma incomum de retratar a cultura popular, em abordagens valorizadoras da representação do folclore e da etnografia, merece por si só encorajamento e incentivo. Competição aparte, valorizemos a iniciativa pela qualidade dos trabalhos apresentados. E saudemos um princípio de mudança na mostra do folclore.

O director

Destaques

Gatos escondidos com o rabo de fora…
Folclore versus “folclore”
Ao folclore devemos chamar de “folclórico” aquilo que é “folclore”. Folclore é só aquilo que foi usual de forma generalizada entre uma comunidade em determinado empo. Ainda por outras palavras: Folclore, são as vivências tradicionais, e a tradição decorre da usualidade das ditas vivências no espaço e no tempo por parte de um grupo social, qualitativa e quantitativamente significativo. Só deve designar-se de folclore o que, na essência, o acto popular identifica como tal. Seja das danças às cantigas e aos trajes, como ainda a outros hábitos e costumes que vieram a tornar-se tradição. Não será folclore um traje, uma dança ou uma cantiga que foi hábito de uma pessoa e nunca se exteriorizou para a comunidade.


Por: Manuel João Barbosa

O conceito de Folclore continua arredado do entendimento de muitos dos seus divulgadores – os ranchos e grupos de folclore. Nos anos do Estado Novo convencionou-se chamar de Folclore a tudo o que fosse pitoresco, imaginoso e recreativo. (…)
(Desenvolvimento na edição papel)



AVIEIROS DO TEJO
- os nómadas do rio

Texto e fotos: Manuel João Barbosa

No início do século passado instalaram-se nas margens lezirentas do Tejo comunidades de pescadores originários da Praia da Vieira. Constituíram um marcante movimento migratório, que “fugindo” do mar revoltoso da sua Vieira procuraram no Tejo um meio de sobrevivência, pescando nas águas tranquilas do rio o sável, a lampreia, a enguia, a fataça. O Ribatejo passou então a ser morada de outras culturas, porto de salvação das gentes da Vieira. Eram os “ciganos do rio”, como Alves Redol os cognominou na sua obra que escreveu sobre as comunidades avieiras no Ribatejo, intitulada precisamente “Avieiros”. O Patacão, em Alpiarça; as Caneiras, em Santarém; o Escaroupim, em Salvaterra de Magos; a Aldeia de Palhotas, no Cartaxo; Porto da Palha, no Lezirão, em Azambuja e o Esteiro do Nogueira, em Vila Franca de Xira, foram – e são – redutos de avieiros.

“Incerto o pão na sua praia, só certa a morte no mar que os leva, eles partem. Da Vieira vêm para o Ribatejo. Aqui labutam. Alguns voltam ainda, roídos das saudades do seu mar. Muitos ficam. Avieiros lhes chamam na Borda d’Água” (Alves Redol).
Famílias inteiras, com os filhos nos braços, partiram em grupos numerosos rumo ao Ribatejo. Eram os pescadores que saíram da Praia da Vieira à procura de um meio de sobrevivência, porque o mar agitado na quadra invernosa não deixava barquear.
(…)
(Desenvolvimento na edição papel)


Reportagens

Devoção a S. Cristóvão ganha concurso de Etnografia da Fundação INATEL


Por: Manuel João Barbosa
Dezanove formações etnográficas, representando outros tantos distritos do País, levaram à Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa a cultura e as tradições de diversificadas regiões. A mostra constituiu um painel rico de costumes populares, estabelecendo uma abordagem caracterizadora do património cultural de variadas áreas geográficas de Portugal. O evento tem o objectivo de incentivar os grupos etnográficos a alargar o seu âmbito da representação.

Pagar promessas a S. Cristóvão dos Milagres, no cimo de um dos montes do Vale do Neiva, no distrito de Viana do Castelo, foi a recriação, feita de forma particularmente cuidada pelo Grupo das Cantadeiras do Vale do Neiva, e que valeu a aprovação unânime do júri que classificou cada uma das representações que passaram pelo palco da Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, (…)
(Desenvolvimento na edição papel)


Coimbra: Jornadas da AFERM para reflexão do movimento folclórico da região do Mondego


Por: Manuel João Barbosa
A Associação de Folclore e Etnografia da Região do Mondego, de Coimbra, levou a efeito as suas Jornadas Técnicas de Etnografia e Folclore, uma iniciativa que já vai na sua XIV edição. À volta de sucessivas mesas de trabalho, onde se sentaram especialistas sobre a cultura popular tradicional, o objectivo passa pela sensibilização para um adequado trabalho dos participantes activos no movimento folclórico da região do Mondego, e particularmente dos grupos associados. As sessões que completaram as Jornadas foram muito participadas.

As Jornadas de Etnografia e Folclore que a Associação de Folclore e Etnografia da Região do Mondego vem realizando em Coimbra desde há catorze anos, tiveram lugar nos dias 25 e 26 de Outubro, na Casa Municipal da Cultura. Boa parte dos responsáveis dirigentes e membros activos de diversos grupos folclóricos da região marcaram presença, naturalmente interessados em enriquecer conhecimentos em matéria da representatividade tradicional dos grupos que representam e participam.
(…)(Desenvolvimento na edição papel)

Notícias


- Santarém: Folcloristas do Ribatejo reuniram-se em sessão plenária para formação de um órgão associativo
- Festa de Folclore Infantil na Bemposta
- Cantares de Natal em Ançã
- Grupo de Faro organiza Encontro de Cantares de Boas Festas
- Rancho Típico de S. Mamede de Infesta organiza Encontro de Cantares Natalícios
- O rancho folclórico de Oliveira Santa Maria reviveu a desfolhada
- Grupo Folclórico de Modivas ofereceu magusto
- Romaria minhota celebrada em Belém
- FOLK Cantanhede já ostenta símbolo do CIOFF
- Grupo da Região do Vouga encerra actividades do ano com jantar de convívio
- Portugal sem candidatura a Património Mundial Imaterial
- Madeira: Danilo Fernandes esteve na Austrália a ensinar o folclore madeirense
- Etnográfico de Zagalho e Vale do Conde reviveu a malhada
- Rancho do Caçador vai comemorar aniversário
- Grupo Folclórico e Etnográfico de Alfarelos assinalou aniversário

Secções


- Esfinge- Etnografia a prémio no INATEL, pelo Dr. Aurélio Lopes
- Inovação / Tradição - Mudança, objectivo e melhoria, pelo Eng.º Manuel Farias

Discografia
Sons da Terra (Sendim)

Cartas ao director
Compadrios, honestidade…

Porque não te calas?

Opinião
- Açores: A perda da tradição, por José Joaquim de Sousa

Festivais de Folclore

Dia 13 de Dezembro
Rancho Etnográfico “Os Camponeses” de Arraiolos – 23.º aniversário. Pavilhão Multiusos de Arraiolos. Às 15 horas. Participação do Rancho Etnográfico “Os Camponeses” de Arraiolos; Rancho “Os Rancheiros de Vila Fria”; Grupo Etnográfico da Cantares “Sol Ardente”, de Igrejinha; Rancho Folclórico Flor do Alto Alentejo; Grupo de Cantares das Brotas e Rancho Folclórico de Nossa Senhora da Alegria (Castelo de Vide).



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terça-feira, 4 de novembro de 2008

Jornal Folclore

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Edição N° 153 – Novembro 2008

Nota Editorial

Conselhos aos conselheiros

Dizia-nos há dias um devotado folclorista, pessoa dotada de uma sensata apreciação das coisas do folclore, e que sempre comenta as imperfeições do movimento folclórico com reparos cautelosos e dentro de um critério equilibrado de julgamento: “os conselheiros da Federação, na sua maioria, são quem mais precisa de ser aconselhado”, conjecturou. Respeitando o especial sentido de observação do nosso comunicador, ficámos convictos da verdade do reparo. Na verdade, grande parte dos erros que maculam o trabalho dos grupos membros da Federação, seriam aperfeiçoados se alguma formação houvesse. Naturalmente que nem todos estão no mesmo saco. Conselheiros há que guardam uma inquestionável capacidade de análise sobre os aspectos da etnografia e do folclore, justamente porque desfrutam de uma enorme experiência, da pesquisa à representação, e que assim certificam um grau de aptidão e competência. Mas a forma aleatória como foram reforçados, em devido tempo, os núcleos técnicos regionais, deixa alguma incerteza na habilitação à incumbência de examinar tão complexo trabalho. Talvez a triagem não tivesse obedecido, como devia, a indispensáveis critérios de aptidão. Ainda há dias ouvimos um conselheiro afirmar textualmente: “Eu não sei analisar o trabalho de um grupo de folclore”! Louve-se, pelo menos, a sinceridade.
Anunciam-se agora acções de formação, exclusivamente viradas para a alinhar os conhecimentos dos conselheiros da Federação do Folclore Português. O mentor do projecto merece-nos especial respeito, pelos conhecimentos técnicos de que dispõe e pelas provas dadas em sucessivos trabalhos de representação. Nasce a esperança de um melhor e mais entendido trabalho sobre as questões do folclore junto dos grupos de representação, que carregam a responsabilidade do carimbo da Federação. É tempo de pôr ordem na casa. E de fazer cumprir as regras pela fidelidade possível dos aspectos tradicionais. Os palcos de exibição folclórica que recebem os grupos federados, devem constituir um espaço interessante de boa representação, e deixarem de ser redutos de vergonhosos disparates, anunciados como momentos folclóricos. O exemplo deve partir de cima.

O director

Editorial

Os plágios
O cantor Tony Carreira foi acusado de ter plagiado composições de um seu colega mexicano. Logo a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) se apressou a investigar a usurpação dos temas pelo artista seu associado.Em idêntica situação estão centenas de temas do folclore nacional, que foram plagiados por outros “Carreiras” da nossa praça artística, e que ousaram chamar a si a sua autoria, registando-os como sua propriedade. É a arte de copiar e não de criar.Em devido tempo alertámos a SPA para o assalto que muitos artistas estavam a fazer ao folclore nacional, copiando de forma descarada as melodias de muitos trechos tradicionais, e registando-as na Associação de Autores – SPA - como obras suas. Fomos advertidos que “bastaria que o associado tenha alterado uma nota musical para que o tema passasse a ser outro e não o original”. Elementar! Uma forma de sacudir a água do capote. De forma desapropriada, registe-se.Se o plágio do sr. Carreira teve, por felicidade sua, alterar só que seja uma nota musical da composição do artista mexicano, bem poderá descansar o artista de Pampilhosa da Serra. Ou os regulamentos da SPA são uma faca de dois gumes…
Destaques
Quem acha que aprender é caro, experimente a ignorância e verá quanto lhe custaFormação. Porquê?
Engº. Manuel Farias
Não há domínio de actividade ou a realização de acções que consumam recursos que estejam livres da exigência de boas performances, de eficácia nos objectivos e de melhoria contínua dos seus resultados. Para tal, a formação não sendo o único instrumento para fornecer competências, é o recurso mais imediato para dinamizar a melhoria com que se constroem os percursos e instala a confiança no sucesso. Invariavelmente, é o sucesso que pode trazer a remuneração para compensar os recursos empregues (ainda que tenham sido angariados de modo voluntário) e dispor de uma reserva abundante de motivação das equipas e de auto-estima elevada dentro das organizações.Em tempos de valorização e de reconhecimento de competências, o movimento do folclore não se poderá excluir deste desafio e de alcançar bons resultados. O futuro assegura-se através da capacidade de adaptação às mudanças que ocorrem e não pelo esforço conservador de manter os estados e as soluções já consagradas, por maior sucesso que tenham tido no passado.
(...) Desenvolvimento na edição papel.
O director

GLÓRIA DO RIBATEJO: Lenços e xailes saíram das arcas e baús

Manuel João Barbosa

De cachené ou de seda, usados por sentimento ou festa. Estampados às estrelas, às grades, aos ramos, às bichas, aos anéis, às cartas, e outras descrições que o povo criou para definir cada tipo de estampagem. Os lenços da cabeça que caracterizavam de forma distinta as mulheres e moçoilas da Glória do Ribatejo em épocas recuadas, saíram às dezenas das arcas e dos baús, e das gavetas das cómodas. Boa parte do rico e vasto manancial veio à rua para relembrança de alguns e curiosidade de outros. Todos originais, com muitos anos, mas que um cuidadoso resguardo tem preservado de forma incólume à voragem do tempo. “No conjunto perfazem algumas centenas de variedades, com padrões estéticos muito apurados”, diz Rita Pote, do Rancho da Casa do Povo local. Boa parte recolheu às trevas das gavetas, por requisito dos herdeiros.

Como tema do cortejo etnográfico deste ano, integrado no Festival Nacional de Folclore realizado em Julho, o Rancho Folclórico da Casa do Povo da Glória do Ribatejo (Salvaterra de Magos) trouxe à mostra pública um manancial vastíssimo de lenços e xailes, importante e rico espólio etnográfico que tem estado escondido na escuridão de gavetas e arcas. São centenas de peças do vestuário feminino da Glória do Ribatejo, que ainda se preservam religiosamente e que constituem orgulho das mulheres glorianas, que nelas recordam o brio com que luxavam tão simples mas vistosos ornamentos das suas vestes. Em desfile pelas ruas e em exposição estiveram mais de setenta peças, quase todas com cem anos e mais, tempo calculado pelas sucessivas gerações que preservaram as herdadas relíquias.
(...) Desenvolvimento na edição papel.

Reportagens

- Festival de Folclore Internacional do Alto Minho – Viana do Castelo foi porto de encontro de povos e culturas
- VII Encontro Nacional de Tocadores de Concertina – Uma centena de concertinas tocaram na Barrenta
- Lisboa: folclore enche de festa a Baixa Pombalina

Notícias

- Jornadas Outonais do Cancioneiro de Àgueda
- Grupo de Vila Nova de Paiva celebrou as Bodas de Prata
- O Grupo Cultural Semente esteve na Sardenha
- Encontro de Folclore ‘Vida na Aldeia’ em Arões
- Colheitas festejaram-se em S. Torcato
- Festival de Folclore das Vindimas na Régua averba mais um êxito
- Rancho da Correlhã ofereceu folclore e castanhas…
- …e organizou uma Tarde de Folclore Infantil
- Grupo Folclórico de Taveiro festejou 33 anos
- Matança de porco na Portelinha
- Velha tradição cumpre-se em Caminha
- As “Alminhas de Merda” atraem centenas à Cova da Onça no Dia de Todos-os-Santos
- Assembleia da República: PS voltou a chumbar um projecto de apoio à comunicação social
- Rancho de Torredeita toma posse do património da antiga linha férrea do Dão
- José Travaços Santos apresentou novo livro
- Almoço Limiano na Casa do Concelho de Ponte de Lima
- Festa da Esteira, doçaria e artesanato em Arzila
- Cancioneiro de Cantanhede assinalou as Bodas de Prata
- “Lavadeiras do Sabugo” ouviram cantar os parabéns pelo seu 42.º aniversário
- Festival do Rancho de Salvaterra de Magos evocou a memória de um ex-dirigente falecido
- Rancho Típico da Amorosa prossegue comemorações do 73.º aniversário
- Associação Folclórica da Região de Leiria promove colóquio
- Rancho 'Cravos e Rosas' de Santa Maria de UL comemorou o 20.º aniversário

SECÇÕES
- Esfinge - Um mão cheia de nada, pelo Dr. Aurélio Lopes
- Inovação / Tradição – Encenação, pelo Eng.º Manuel Farias
Opinião
- O folclore que eu vi
- AÇORES: Cantadores de desafio (improvisadores)

Discografia

- Rancho Juvenil de Loulé edita DVD; Rancho Folclórico de S. Cosme de Gemunde (Maia); Rancho Folclórico da Casa do Minho (Lisboa); Rancho Folclórico Regional do Sorraia (Coruche)

Livros
Novos Corpos Gerentes
Cartas ao director
Porque não te calas?
Planos de actividade
Festivais de Folclore
Novembro
Dia 2
Rancho de Folclore e Etnografia “Os Ceifeiros da Bemposta” (Bucelas). Festa de Folclore Infantil. Às 16 horas. Participação do Rancho Infantil de Folclore e Etnografia “Os Ceifeiros da Bemposta” (Bucelas) e dos Ranchos Infantis de Alviobeira (Tomar) e do Carregado.
Dia 8
Rancho Folclórico do Bairro de Santarém. Às 21h30. Participação do Rancho Folclórico do Bairro de Santarém; Rancho Folclórico e Etnográfico Danças e Cantares da Mugideira e Rancho Folclórico da Casa do Povo de Salvaterra de Magos.